WE WERE HERE

Cartaz do filme WE WERE HERE
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Opinião

Como foi que começou a epidemia da AIDS? Aliás, acho que a pergunta não é essa. Melhor seria: como foi passar pela epidemia de Aids que infectou e matou milhares de jovens gays em São Francisco nos anos 80? Como foi presenciar a morte de amigos e conhecidos, nessa epidemia até então desconhecida, chamada ainda de “câncer gay”?

Isso remete também ao título deste documentário, We Were Here, Estávamos Aqui. E quem estava lá conta sua experiência, desde a formação do bairro gay centrado na Castro Street (bem retratada no ótimo filme Milk – A Voz da Igualdade) e da comunidade que se estruturou ali, após o deslocamento de muitos homossexuais que não se encaixavam no modo de vida de suas cidades e resolveram ir a São Francisco para viver. E sair do armário, como dizem no documentário. Em uma época de libertação sexual e social, os gays contam como presenciaram o surgimento da doença, a epidemia, a morte em série de amigos e companheiros; como fizeram os mutirões de atendimento aos doentes, em quem eram testados os coquetéis de medicamentos e com o AZT; como lutaram pelos direitos humanos e foram até Washington brigar contra o preconceito; como foram solidários e estruturaram suas vidas com a solidariedade das pessoas, depois do advento da AIDS.

We Were Here tem interessantíssimos depoimentos de gente que vivenciou esta fase e sobreviveu – física e emocionalmente falando. Um deles até diz que só conseguiu refazer a vida com um companheiro mais jovem, alguém que não tem a juventude cruelmente marcada pela vivência da morte em grande escala, com foi para aqueles que eram jovens na década de 80/90. Outro diz que sente ter sobrevivido a uma guerra, onde morria um amigo a cada dia, sem que se soubesse como era o contágio, o tratamento, a cura. Hoje convivemos com os avanços da Aids no campo científico, seu controle nos países com recursos e total descaso e descontrole em continentes como a África. E não lembramos de voltar três décadas atrás, quando o pânico foi geral. Pensando friamente, parece hoje que a Aids sempre existiu, mas nem sempre foi assim. Vale a pena saber mais e relembrar. A abordagem é bastante realista, humana e emotiva. E toca no importante e delicado ponto do preconceito, sempre em voga quando o assunto é a uma doença física e emocionalmente cruel como a Aids.

* Disponível para compra/aluguel no ITunes da Apple.

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