O FILME DA MINHA VIDA

Cartaz do filme O FILME DA MINHA VIDA

Opinião

Gostoso quando a entrevista coletiva de imprensa conversa com o filme. Quando tem liga, quero dizer. Como transborda sensibilidade e beleza estética, conversar com os atores e com o diretor de O Filme da Minha Vida funcionou como um espaço pra acomodar os sentimentos que o filme desperta.

Essencialmente é sobre o rito de passagem para a vida adulta. Baseado no livro Um Pai de Cinema, do chileno Antonio Skármeta – autor também de O Carteiro e o Poeta, que também virou um delicioso filme – fala de Tony Terranova, um garoto que vive com o pai francês e a mãe brasileira numa pequena cidade gaúcha. Para ser alguém na vida, vai estudar na cidade grande e quando chega de trem de volta em casa, seu pai é quem parte. Larga a mulher, o filho, o trabalho e volta pra França. “É um filme sobre o processo por que Tony passa para se tornar protagonista da sua própria vida”, diz Selton Mello, ele que é responsável pela direção e roteiro, além de ser também Paco, um dos personagens, bem instigante por sinal.

É basicamente sobre um jovem que se depara com as inadequações do mundo, com os erros das pessoas amadas e as reparações possíveis, com as escolhas e com a gama de possibilidades que o afeto apresenta para que cada um possa seguir o seu caminho. É sobre o amadurecer e suas descobertas, as boas e as ruins. “O personagem do Johnny se transforma, sai de um lugar e chega no outro”, diz Selton. Passando pelas relações de amizade e sexualidade, pela descoberta do amor e da frustração, a narrativa segue um tom poético, luminoso e sutil. Luz sépia, por sinal. Faz toda a diferença.

Sim, sutileza é a palavra. Apesar da descontração da entrevista, a atriz Ondina Clais Castilho, que faz a mãe de Tony, se emociona muito durante a conversa. Reparei e perguntei a ela que emoção era aquela que vinha, genuinamente, de um lugar feminino, materno, amoroso. Mulher percebe essas coisas. “A emoção vem porque aquele era um momento especial da minha vida”, disse ela. “No papel de mãe, eu era aquela que esperava que o outro se tornasse o outro.” De fato, tem uma hora que mãe espera, observa, pra colher os frutos. Entendo a emoção da Ondina e da Sofia, a personagem. Vivo um momento parecido. Espera confiante e intuitiva. Assim como o filme da vida do Selton que, já em O Palhaço tinha mostrado seu cinema autoral e tenro.

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