PITACOS SOBRE A 74ª BERLINALE

Já se foram 15 filmes da competição e já tem um balanço interessante pra se fazer. Há diversas maneiras de agrupar os filmes: por temas, continentes, idiomas. Diante do que vi por aqui, vamos com este última opção — que é algo que também chama a atenção.

Filmes em francês foram 4: 2 deles, dispensáveis — ou no mínimo inadequados para uma seleção de competição da Berlinale. HORS DU TEMPS, algo como “tempo suspenso”, de Olivier Assayas, revista pandemia e parece deslocado do tempo e do contexto, diante de nada-de-novo-no-reino-da-França. L’EMPIRE, de Bruno Drumont, piora ainda mais e chega a ser ridículo — e me sinto ridícula dizendo isso de um filme da Berlinale. Mas é o que temos pra hoje. Mas, calma: franceses salvos pelo importante documentário DAHOMEY, de Mati Diop e pelo delicado e profundo LANGUE ÉTRANGÈRE, de Claire Burger. Diretoras salvam a alma francesa na Alemanha.

E por falar nisso, em alemão foram 4, sendo 1 da Áustria, o THE DEVIL’S BATH, de Veronica Franz e Severin Fiala. Aliás, junto com FROM HILDE, WITH LOVE, de Andreas Dresen trazem personagens femininas mto, mto potentes. DYING, de Matthias Glasner, tem 3 horas e vale cada minuto desta história sobre família e luto. E morte também está em ARCHITECTON, de Victor Kossakovsky, mas agora no campo da arquitetura com imagens belíssimas num doc sobre o a arquitetura sem vida que construimos neste mundo de concreto.

Em inglês vieram A DIFFERENT MAN, dos EUA, e ANOTHER END, que é da Itália mas não fala italiano. Falam de mundo utópicos (ou distópicos), dependendo do ponto de vista do que a ciência é capaz. A Irlanda trouxe SMALL THINGS LIKE THIS, sobre os excessos das religiões, dialogando com o austríaco e deixando em mim um mal-estar ainda maior com os dogmas e prisões invisíveis em que nos metemos. Quem salva a alma, pasmem, é o Irã, com  MY FAVORITE CAKE, sua história de amor em farsi, porque em espanhol, é só caos: LA COCINA é interessante na sua indigestão e PEPE é tão estranho quanto um hipopótamo na sala colombiana.

Ainda faltam Mauritânia, Tunísia, Itália, Nepal e Suécia. Uma verdadeira torre de babel na telona. (Berlim, 20/02/24)

MOSTRA DE CINEMA ISRAELENSE

Nesta quinta, 27, inicia-se a segunda edição da MOSTRA DE CINEMA ISRAELENSE, organizada numa parceria entre Sesc e Instituto Brasil-Israel (IBI), com apoio do Consulado Geral de Israel em São Paulo. Neste ano, a seleção de 10 filmes, entre curtas, médias e longas-metragens de ficção e documentários, traz como grande destaque o olhar feminino nas telonas. Todos os filmes são dirigidos por mulheres, apresentando seus olhares e interpretações sobre uma temática contemporânea, a partir da perspectiva israelense, abarcando questões políticas, críticas sociais, utopias, vivências LGBTQIAP+, memória, tempo e família. A exibição dos filmes acontece até o dia 2 de agosto, na plataforma SESC DIGITAL, de forma gratuita para todo o país.

11ª MOSTRA ECOFALANTE DE CINEMA

De 27 de julho a 17 de agosto teremos cinema focado na temática socioambiental, com 106 filmes, de forma híbrida e gratuita, em mais de 30 cinemas e espaços culturais de São Paulo. A MOSTRA ECOFALANTE DE CINEMA preparou uma agenda forte e intensa: 

* retrospectiva reúne obras de Sarah Maldoror, a primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem na África; está incluída a versão recém-restaurada em 4K de seu filme mais emblemático, “Sambizanga”, realizado há exatos 50 anos

* ator e diretor francês Jacques Perrin, falecido em abril deste ano, merece homenagem com exibição de filmes que produziu e dirigiu

* exibição celebra os 40 anos do clássico documentário “Koyaanisqatsi”, de Godfrey Reggio

* participam produções indicadas ao Oscar e premiados nos festivais de Cannes, Sundance, Roterdã e Locarno

* Panorama Internacional Contemporâneo está organizado a partir dos temas Ativismo, Biodiversidade, Economia, Emergência Climática, Povos & Lugares e Trabalho

* estão programados títulos assinados por Steve McQueen, Vincent Carelli, Joel Pizzini e Lucas Bambozzi

* na Competição Latino-americana estão selecionados representantes da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba e México

* Concurso Curta Ecofalante tem como temas os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

* masterclass online ministrada pelo produtor francês Jean-François Camilleri discute cinema de impacto

* ciclo de debates e série de entrevistas completam a programação do evento

Uma homenagem ao diretor e ator Jacques Perrin, retrospectiva dedicada à cineasta Sarah Maldoror, celebração dos 40 anos do filmeKoyaanisqatsi”, competição latino-americana com 35 títulos, um amplo panorama internacional recente, o concurso de curtas-metragens brasileiros assinados por estudantes, sessões especiais, debates, masterclass e entrevistas exclusivas.

Este é o rico cardápio da 11ª edição da MOSTRA ECOFALANTE DE CINEMA, que exibe de 27 de julho a 17 de agosto, em salas paulistanas e de forma online, um total de 106 filmes.

Considerado como o mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado às temáticas socioambientais, o festival é totalmente gratuito e sua programação se espalha por diferentes espaços: Reserva Cultural, Circuito Spcine (Biblioteca Roberto Santos, CCSP, CEU Perus e CFC Cidade Tiradentes) e Cinemateca Brasileira, além de Casas de Cultura, Oficinas Culturais, Centros Culturais e Fábricas de Cultura.

Em 2022 o programa Panorama Internacional Contemporâneo está organizado a partir dos eixos Ativismo, Biodiversidade, Economia, Emergência Climática, Povos & Lugares e Trabalho, além de sessões especiais. Estão incluídos os indicados ao Oscar “Ascensão” e “Escrevendo com Fogo” (este também premiado em Sundance), além de filmes premiados nos festivais de Locarno (“Mil Incêndios”) e HotDocs (“Escola da Esperança” e “Ostrov – A Ilha Perdida”).

O Panorama promove ainda a exibição especial de três produções: a aclamada série “Uprising”, de Steve McQueen e James Rogan, e os elogiados longas-metragens “Geração Z”, de Liz Smith, e “Searchers: O Amor Está nas Redes”, de Pacho Velez.

A Homenagem a Jacques Perrin (1941-2022) exibe quatro de seus sucessos, um como produtor (“Microcosmos”) e três como codiretor: “As Estações”, “Oceanos” e “Migração Alada”, este último indicado ao Oscar.

A Retrospectiva Sarah Maldoror (1929-2020) se dá no marco dos 50 anos de “Sambizanga” (1972), obra-prima vencedora de dois prêmios no Festival de Berlim. O filme, sobre o movimento de libertação angolano, é o primeiro longa-metragem filmado na África por uma mulher negra. O evento organizou uma programação em torno da cineasta reunindo alguns de seus títulos mais icônicos, que tratam, sob diversos aspectos, de questões referentes à história e cultura africanas ou de povos com fortes raízes naquele continente.

Clássico contemporâneo e marco do cinema socioambiental, o longa “Koyaanisqatsi”, de Godfrey Reggio, é celebrado pelo evento, por ocasião dos 40 anos de sua realização.

Uma sessão especial é dedicada a “Adeus, Capitão”, o mais recente longa do cineasta Vincent Carelli. Com registros colhidos ao longo de várias décadas, é o fecho da trilogia iniciada com o premiado “Corumbiara”.

Na Competição Latino-Americana participam o argentino “Esqui”, prêmio da crítica na seção Fórum do Festival de Berlim, e “A Montanha Lembra” (Argentina/México), ganhador da competição internacional de curtas do É Tudo Verdade. Competem ainda obras premiadas no Festival de Cannes (“Céu de Agosto”, de Jasmin Tenucci), no Bafici-Buenos Aires (“A Opção Zero”, uma coprodução Cuba/Colômbia) e no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (“Rolê – Histórias dos Rolezinhos”, de Vladimir Seixas, “Lavra”, de Lucas Bambozzi, e “Ocupagem”, de Joel Pizzini).

Outra competição, o Concurso Curta Ecofalante, reúne curtas-metragens cujos temas dialogam com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e são assinados por alunos de instituições de ensino brasileiras. Participam produções de São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia, Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul.

A programação da 11ª Mostra Ecofalante de Cinema apresenta ainda um ciclo de debates e uma masterclass, além de uma série de entrevistas exclusivas com realizadores dos filmes, conduzidas pela documentarista e jornalista Flávia Guerra e, na série Ecofalante/WWF-Brasil, pelas jornalistas Marcela Fonseca e Gabriela Yamaguchi.

O evento promove parte de sua programação em cidades do interior paulista, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, conforme o seguinte calendário:

* Piracicaba (SP) – de 2 a 20 de agosto

* Lorena (SP) – de 16 a 26 agosto

* Belo Horizonte – de 10 a 31 de agosto

* Porto Alegre – de 25 de agosto a 7 de setembro.

 

SALAS

Reserva Cultural — Av Paulista 900, Bela Vista — São Paulo

Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo) — Rua Vergueiro 1000, Paraíso — São Paulo

Circuito Spcine Paulo Emílio (Centro Cultural São Paulo) — Rua Vergueiro 1000, Paraíso — São Paulo

Cinemateca Brasileira — Sala Grande Otelo — Praça Sen. Raul Cardoso 207, V. Clementino — São Paulo

Casas de Cultura,

Oficinas Culturais

Centros Culturais

Fábricas de Cultura

FESTIVAL DE CINEMA RUSSO

Novidades do cinema russo já estão disponíveis gratuitamente na versão online do Russian Film Festival no Brasil.

Os cinéfilos de todo país já podem acessar gratuitamente a edição em streaming do Festival, que apresenta oito filmes russos disponíveis gratuitamente na plataforma Belas Artes À La Carte.

Para assistir aos filmes gratuitamente, é preciso se cadastrar no site Belas Artes à la Carte, clicando no botão Assinar, cadastrar-se, selecionando a opção “plano mensal”, inserir o códigoRFFMES“, e preencher os dados. O código promocional é fornecido a usuários não registrados anteriormente e é válido apenas uma vez. Observação: a assinatura é renovada, a menos que seja cancelada manualmente.

A programação do festival de 2022 inclui longas-metragens de gêneros populares entre o público latino-americano (dramas, horrores, comédias), séries e documentários. Os filmes serão exibidos em russo com legendas em português. O festival acontece na plataforma até o próximo dia 21.

 

45ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SP

Está dada a largada para a 45ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO e já abrimos com uma imagem sonhadora. Na vinheta pelo traço de Ziraldo, tem impressa a magia do cinema. Aliás, a magia pela contação de histórias, nesse personagem que deitado de barriga pra baixo, olha com admiração para algo que está no alto, como quem assiste a uma boa história. Assim ficamos na tela grande, assim esperamos por um belo filme. Com exceção da vinheta que já pode ser vista por todos, a curadoria sempre minuciosa da Mostra por enquanto só está disponível para os jornalistas, que já se debruçam sobre alguns dos 265 filmes, de 50 países. Isso mesmo: jornalista trabalha antes, durante e depois da Mostra pra garimpar filmes. Um dos maiores desafios de um festival de cinema é escolher o que assistir. 

Oficialmente, a 45ª Mostra SP abre dia 20, de uma maneira diferente. Estamos ainda em atenção neste momento em que a pandemia deu uma trégua, as vacinas chegaram e a vida dá, a cada dia, sinais mais concretos de que pode voltar ao ritmo normal – não sem as devidas precauções. Dito isso, é claro que a Mostra volta, mas em novo modelo. “A gente optou, neste ano, pela volta às salas”, disse Renata de Almeida, diretora da Mostra, ao Cine Garimpo. Na coletiva de imprensa, ela reforçou: “Será uma edição híbrida, porque a Mostra é da cidade e é nossa obrigação apoiar os parceiros, ajudar os exibidores, que tanto sofreram com a pandemia”. 

Portanto, habemus sala de cinema, mas as sessões online vieram pra ficar. Isso é ótimo – a Mostra é da cidade, é verdade. São Paulo respira cinema nessa época do ano, mas antes da pandemia só acompanhava quem estivesse por pela capital paulistana. Agora, o Brasil todo pode viver o festival, que dá a todos a chance de assistir aos filmes mais importantes do ano, sendo que muitos deles rodaram os festivais de cinema mundo afora.

Sim, teremos a chance de assistir ao irreverente, divertido e bem realista filme do romeno Radu Jude, Má Sorte no Sexo ou Pornô Amador, vencedor do Urso de Ouro em Berlim – sobre a intimidade nas redes sociais e a linha tênue que separa o público do privado; ao controverso Titane, de Julia Ducournau, que levou a Palma de Ouro em Cannes, sendo ela a segunda diretora na história de Cannes a levar a Palma de Ouro;  a Zalava, de Arsalan Amiri, que levou o prêmio da Semana da Crítica em Veneza, confirmando que do Irã saem contadores de histórias memoráveis; e ao luso-brasilerio A Viagem de Pedro, da diretora Laís Bodanzky, seu novo filme sobre o imperador D. Pedro, com exibição no vão livre do MASP, na sua estreia mundial.

Tudo isso pra dizer que esses e tantos outros filmes poderão ser garimpados nas sessões online e presenciais. Comecemos com as presenciais, que dão o pontapé inicial de forma diferentes. “Pra comemorar a volta aos cinemas, faremos uma abertura coletiva”, conta Renata. “Vai funcionar assim: às 20h, do dia 20, cada sala do circuito da Mostra apresentará um filme diferente”, disse Renata. Serão 10 salas – fique de olho no aplicativo a partir do dia 18 de outubro, quando já será possível comprar os ingressos.

Sim, temos aplicativo. A programação pode ser acompanhada no site www.mostra.org e por lá você acessa a plataforma Mostra Play, onde parte das sessões online acontecem. Digo parte porque há parceiros: o Sesc Digital e o Itaú Cultural Play também oferecem parte da curadoria.

Mas nem só de vida digital e sala de cinema tradicional vive a Mostra. “Este ano teremos uma sessão no Museu da Imigração, com o perfil de filmes sobre deslocamento forçado”, diz Renata. E aqui temos filme brasileiro, falando de trabalho escravo e precarização do trabalho com 7 Prisioneiros, de Alexandre Moratto, com Rodrigo Santoro.

A Mostra é sempre plural, trazendo assuntos urgentes, que precisam ser abordados. São temas que merecem atenção, histórias que precisam ser contadas, que fazem rir, chorar, refletir, transformar, distrair, entreter. Temos filme em homenagem à imprensa por Wes Anderson, Crônica Francesa; temos filme sobre jornalismo que transforma realidade em ficção; filme afegão pra entender melhor o ponto de vista humano sobre o radicalismo naquele país; tem filme de horror sobre a África do Sul, pra falar do racismo; tem oficina de stop motion, pra contar que animação se faz de vários jeitos; tem fórum, masterclass e seminários pra enriquecer o repertório e as ideias.

Sempre com a diversidade em voga. Esse é o lema. Bora?

www.mostra.org

APLICATIVO

O aplicativo da Mostra traz toda a programação do evento e notícias. O programa também permite a aquisição de pacotes de ingressos das sessões presenciais, agenda de programação de títulos escolhidos, reserva de ingressos para credenciados e compra de ingressos individuais. O app pode ser baixado em Android (a partir da versão 7) e em IOS (a partir da versão 11.4).

 

SERVIÇO

 Mostra Presencial

Cinemas

Cine Marquise (sala 1)

Cinesala

CineSesc

Espaço Itaú de Cinema | Augusta (sala 1)

Espaço Itaú de Cinema | Frei Caneca (salas 1, 2, 3)

Espaço Itaú de Cinema | Pompéia (sala 10)

Petra Belas Artes (sala Leon Cakoff)

Reserva Cultural (sala 1)

 

Gratuito

Vão Livre do Masp

Vale do Anhangabaú

Centro Cultural da Juventude – Ruth Cardoso

Centro Cultural Tiradentes

 

Ingressos dos cinemas:

*Segundas, terças, quartas e quintas: R$ 24,00 (inteira) | R$ 12,00 (meia).

*Sextas, sábados e domingos: R$ 30,00 (inteira) | R$ 15,00 (meia).

*Permanente Especial (para sessões de 2ª a 6ª feira até às 17:55h, inclusive – não contempla finais de semana nem sessões noturnas): R$ 150,00

*Permanente Especial Folha (15% de desconto para o titular da assinatura para sessões de 2ª a 6ª feira até às 17:55h, inclusive, não contempla finais de semana nem sessões noturnas): R$ 127,50

*Pacote de 30 ingressos: R$ 340,00

*Pacote de 20 ingressos: R$ 250,00

 

Ingressos | Circuito com preços populares:

Circuito Spcine: CCSP – Centro Cultural São Paulo (salas Paulo Emílio e Lima Barreto) e Biblioteca Roberto Santos: R$ 4,00 e R$ 2,00

Museu da Imigração do Estado de São Paulo: R$ 10,00

 

Mostra On-line

 

Mostra Play: após a aquisição dos ingressos, o espectador cria sua biblioteca e terá três dias para assistir aos títulos escolhidos e 24 horas a partir do acesso a cada um. Os filmes da seleção só poderão ser vistos até as 23:59 do dia 03 de novembro.

 

Ingressos | Mostra Play:

R$ 12,00 (doze reais)

pagamento pela plataforma: cartão de crédito das bandeiras visa ou mastercard

pagamento via transferência bancária ou PIX: enviar um e-mail para pacote_mostraplay@mostra.org informando o tipo de pacote de ingressos que quer adquirir: 5 ingressos (R$ 57,00), 10 ingressos (R$ 105,00) ou 15 ingressos (R$ 150,00).

 

Gratuito

Sesc Digital e Itaú Cultural Play

 

CANAIS DE INFORMAÇÕES

info@mostra.org

Instagram: @mostrasp

Facebook: @mostrasp

 

 

76º FESTIVAL DE CINEMA DE VENEZA

De 28 de agosto a 7 de setembro, Veneza é só cinema. Filmes exibidos no festival depois rodam o mundo, mas quem está por aqui como eu tem o privilégio de assistir em primeira mão. A delícia do cinema de hoje – e que está estampado no film de abertura – é que vivemos, sim, numa aldeia global. Já não tem fronteira pra nada, o que coloca todas as nossas questões, independente de raça, cor, credo, numa só prateleira. Somos todos diferentemente iguais. Aqui ou na China.

Ou no Japão – quem abre o festival esta noite é La Vérité, do cineasta japonês Hirokazu Koreeda. Ele que levou a Palma de Ouro em Cannes em 2018 com Assunto de Família, continua no tema. Família, que também é tema de  Depois da Tempestade, Nossa Irmã Mais Nova, Pais e Filhos, O Que Eu Mais Desejo. Mas sai da cultura japonesa pra mergulhar na europeia – e mais especificamente, na francesa. Escala as ícones francesas Catherine Deneuve e Juliette Binoche pra falar da relação mãe e filha e pra falar de cinema. Deneuve é atriz, Binoche é roteirista, casada com um ator de segunda linha, feito por Ethan Hawke. Elenco afinado, estrelado, de ponta, na intimidade familiar que tanto tem em comum no mundo todo. Basicamente sobre relações humanas, suas particularidades e, como diz o título, suas verdades. Que, invariavelmente, dependem do que escolhemos contar sobre nós mesmos.

La Vérité concorre ao prêmio máximo, o Leão de Ouro, mas não leva. É elegante, delicado, profundo. Mas não é original. Festival é assim – vai esquentando os motores devagar, às vezes somos acachapados por uma pérola – como foi ano passado com Roma, de Alfonso Cuarón – e já sabemos quem vencerá.

La Vérité, de Hirokazu Korreda

Ad Astra, de James Gray

Marriage Story, de Noah Baumbach

É TUDO VERDADE 2019

Com documentários em alta, o É Tudo Verdade deste ano começa cheio de filmes instigantes, tanto nacionais quanto internacionais. O 24º Festival Internacional de Documentários é o único festival no mundo que acontece em duas cidades simultaneamente – portanto, paulistas e cariocas, considerem-se privilegiados.

De 4 a 14 em São Paulo e de 8 a 14 no Rio, o festival vai exibir 66 filmes, dos 1600 inscritos, entre curtas e longas. É eclético, a começar pelos filmes de abertura escolhidos pela organização do festival. Em SP, abre para convidados no dia 03 de abril com Mike Wallace Está Aqui, do americano Avi Belkin – descortinando o trabalho do temido apresentador do programa de entrevista 60 Minutes; no Rio, com Memórias do Grupo Opinião, do brasileiro Paulo Thiago – descortinando o grupo teatral criado na ditadura militar, símbolo da resistência contra o golpe e a censura. É musical e impactante – um importante registro da união da música do morro à bossa nova da zona sul, em letra e intenção, referendando a opinião de quem fazia arte sob a pressão dos militares na época.

Programação completa no site do É Tudo Verdade.

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ONDE:

SP | CCSP, IMS Paulista, Itaú Cultural e Sesc 24 de Maio

Rio | Estação NET Botafogo, IMS Rio

 

42ª MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SP

Outubro chega com a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, na sua 42ª edição. Antenada com o que está rolando de mais bacana no cenário internacional, a Mostra oferece de 18 a 31 de outubro, filmes exibidos nos principais festivais de cinema de mundo, inclusive Veneza, há dois meses.

Já tem lista aqui no Cine Garimpo com filmes assistidos e comentados. E a lista cresce todo dia. Acompanhe por lá pra ajudar a escolher o que assistir.

Algumas dicas pra enfrentar a maratona:

  1. Primeira providência: baixe o aplicativo da Mostra (procura como Mostra Internacional); ali você acompanha a programação diária, faz reservas de ingressos com credencial, monta a sua agenda. Ferramenta maravilhosa – está funcionando direitinho! Ou acompanhe pelo site, claro.
  2. Já vimos vários filmes e tem uma lista aqui no blog com trailer e comentário. Assim, fica mais fácil escolher o que vale seu ingresso.
  3. Há 19 filmes na Mostra que são os indicados ao Oscar de filme estrangeiro em 2019 por diversos países. Também tem uma lista com eles aqui no blog – os já assistidos vêm em primeiro.
  4. Uma nova iniciativa promove encontros e debates para fomentar negócios criativos e discutir a linguagem, a economia do cinema e as políticas culturais: é o Mercado de Ideias Audiovisuais (no Itaú Cultural); ótima oportunidade para quem quer pensar e dividir opiniões com gente da área;
  5. Muita calma. Parece um mar de filmes – e é mesmo. Mas vários deles já têm distribuidora aqui no Brasil, o que garante a sua exibição no circuito comercial em breve. Portanto, como não vai dar pra ver tudo mesmo, tenha paciência e bom garimpo!

AMOS GITAI E SEU CINEMA COM CRÍTICA E POESIA

Nem um dos dois filmes de Amos Gitai está na competição aqui no 75º Festival de Veneza. A essa altura do campeonato, nem precisava. Seu cinema é naturalmente crítico, mas não sem poesia – e, como ele diz, “um cineasta não pode se divorciar dos eventos reais, precisa falar deles e o Oriente Médio produz diariamente muito material para reflexão.” Amos apresenta A Letter to a Friend in Gaza e A Tramway in Jerusalem – que são coisas separadas, mas que se complementam. Bem intimamente, inclusive.

A Tramway in Jerusalem simula “o que poderia ser a relação entre pessoas de diferentes nacionalidades e religiões, se houvesse menos conflito”, explica o diretor na entrevista à imprensa há pouco em Veneza. “Me interesso pelo quebra-cabeça humano e não pelo cinema homogêneo.” O filme é essencialmente o que diz o título: dentro de um trem que cruza os diferentes bairros de Jerusalém, pessoas com diferentes histórias de vida se encontram. Elas se comunicam – pacifica ou violentamente, com ironia, humor ou musicalidade, mostrando o quanto somos iguais. (Aliás, quanto mais a gente vive, mais percebe o quanto as histórias de vida se repetem. Seja lá onde for.)

Filmado inteiramente dentro de um trem, tem casal israelense discutindo a relação; padre católico citando trecho bíblico; a mãe judia se queixando que o filho não lhe deu netos; a mulher israelense acusando, precipitadamente, o palestino trabalhador; a palestina com nacionalidade holandesa, amiga da israelense com nacionalidade alemã; a israelense belicista fazendo a cabeça do turista francês; o policial israelense abusando do poder. E por aí vai. O céu é o limite.

Depois de filmar A Tramway in Jerusalem, Amos Gitai (também de Free Zone) escreveu o curta A Letter to a Friend in Gaza – textos sobre a intolerância, o desrespeito, o desamor. Carrega o questionamento da geração mais jovem sobre o comportamento de seus pais, que deixaram a situação chegar no ponto em que estamos hoje – tenham sido eles omissos ou coniventes. Temas humanos e corriqueiros – já que, como diz uma das atrizes, “amar é simples demais”. Viver no conflito parece ser, para a natureza humana, um desafio bem maior.

FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE VENEZA – La Biennale

Por Suzana Vidigal, de Veneza

Acompanhar festivais de cinema significa ficar na fila. Mas cada fila tem lá suas particularidades. No Festival Internacional de Cinema de Veneza, significa ficar debaixo do sol de agosto da Itália; em Berlim, aguentar o frio do inverno alemão, de rachar. Cannes é em maio, mais ameno, tipo clima de primavera-verão. Embora pareça, não tem vida fácil – nem por aqui. Mas tem vida cheia de novas visões de mundo – e essa é a grande graça.

Se pensarmos de maneira bem simples, o desafio desses dez dias é ir ao cinema: montar uma estratégia para tentar assistir aos 21 filmes que concorrem a Leão de Ouro e tentar ver algum das outras mostras paralelas, num total de 72; pinçar algum curta dentre os 15 e dar uma espiada na mostra Venezia Classici, com 40 filmes restaurados e 18 documentários; experimentar a sensação da realidade virtual, com 40 produções nesse formato. Parece moleza. Selecionados entre 3311 filmes assistidos pela produção do festival, quem foi escolhido já leva a chancela de ter passado por uma seleta peneira. E não está aqui por acaso.

Aliás, nada é por acaso. Costuma-se dizer que a seleção de filmes de um festival é um “recorte do presente” – o que é bastante óbvio. O que Alberto Barbera, diretor da 75ª edição de Veneza diz é que esse conceito de que o “presente está entre o passado e o futuro” não tem sentido algum. Que não são momentos separados, mas que eles coexistem. “As pessoas acreditam que o mundo é feito de coisas, substâncias, entidades. De algo que permanece. Ou podem acreditar que seja feito de eventos, incidentes, processos. De algo que acontece”, diz ele. E concluiu, chegando no ponto-chave: “É feito de algo que não dura, mas que está em contínua transformação”.

Se o mundo é o cinema, consideramos o cinema uma coleção de acontecimentos e processos, que nos ajudam a entender o mundo. A ideia é parar de colocar filmes em ordem cronológica, parar de encaixar as tecnologias nas respectivas décadas, as transformações do mercado, a revolução digital. A lógica não é linear – e talvez nem exista. Existe? Cinema e vida se mesclam, são dependentes e coexistentes. Somos parte disso. Assim como somos formados de experiências passadas e expectativas futuras, não dá pra dividir em partes. Com o cinema, é igual. Fora com a linha do tempo. Vamos na onda do cinema atemporal – e, por aqui, cada um é de um jeito mesmo. Vamos desde contos de faroeste até o espaço; de comédia da vida privada francesa à drama mexicano, da melhor qualidade.

Ou vamos na linha do pôster (na foto), com sua áurea feminina, sugerindo um tipo de enigma. Do ilustrador e designer Lorenzo Mattotti, essa mulher olha por uma lente, vê o planeta Terra, ou seja, olha pra nós, para a realidade. E tem um quadrado na mão. Tela de cinema? O olhar para as pessoas filtrado pela linguagem do cinema? Pensei num espelho – pode ser, vida e arte se imitam. Pode ser o que você quiser. Se estamos falando de cinema atemporal, o que importa é assistir aqui e agora. Viajar junto, aqui em Veneza ou em qualquer lugar. Basta entrar na tela.

31 agosto 2018