120 BATIMENTOS POR MINUTO – 120 BATTEMENTS PAR MINUTE

Cartaz do filme 120 BATIMENTOS POR MINUTO – 120 BATTEMENTS PAR MINUTE

Opinião

Didático e cheio de emoção, 120 Batimentos por Minuto tem essas duas pegadas mesmo. O pano de fundo é o grupo ativista francês ACT UP, famoso nos anos 1990 por promover ações não violentas para falar da AIDS, divulgar forma de prevenção da doença e exigir do governo e laboratórios o devido tratamento. Mas o protagonismo é a cena homossexual dessa década na França – aplicada a muitos outros países -, com todas as questões que caminharam juntas com a epidemia: o preconceito, a morte prematura, o sofrimento, a sexualidade, a ciência, a cultura gay.

Levou o Grande Prêmio do Júri em Cannes, que só perde em importância para a Palma de Ouro. É um segundo lugar, mas tradicionalmente é o filme que mais emociona o júri. De fato. Apesar de um pouco longo demais, 120 Batimentos é visceral, transmite o envolvimento dos ativistas soropositivos na luta inglória e vital pela liberação do tratamento por parte dos laboratórios, a tempo de não ver toda uma geração padecer da doença. As atuações são intensas e genuínas. Passional.

O aspecto didático fica por conta da linguagem que o diretor Robin Campillo, que foi o roteirista de Entre os Muros da Escola (Palma de Ouro em 2008) e também de A Trama. Dá pra notar semelhança na linguagem dos diálogos densos, pontuais e profundos – marca registrada de alguém que se preocupa em não só trazer o espectador pra dentro do drama, mas dar um banho de argumentos, prós e contras, embasando o filme como quem fala da vida real cheia de meandros e diferentes perspectivas.

Rico, profundo, necessário. Importante voltar a falar da Aids que permeou os anos 80 e 90, e que deixou marcas profundas em gerações. Outro filme recente – indicado da Espanha ao Oscar, mas não passou na peneira -, Verão 1993 é totalmente intimista, não tem esse viés social e ativista, mas lida com a mesma questão da perda e da vida que sai do controle. Essencial voltar a falar do assunto, trazer testemunhos e contar pra geração jovem de hoje o que é que aconteceu 30 anos atrás.

 

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