20 DIAS EM MARIUPOL – 20 DAYS IN MARIUPOL

Cartaz do filme 20 DIAS EM MARIUPOL – 20 DAYS IN MARIUPOL

Opinião

O dia 24 de fevereiro marca o início da guerra na Ucrânia com a invasão das tropas russas. É sempre durante o Festival de Berlim e este ano não foi diferente. Em 2022, quando a guerra começou, lembro que estava no aeroporto embarcando de volta quando se instalava a incerteza na Europa sobre o livre trânsito de pessoas, sobre a Rússia invadir outros territórios, sobre a vulnerabilidade de países não membros da OTAN, sobre o fluxo de refugiados que a invasão geraria na Europa, agravando ainda mais as condições de vida de famílias que fogem de conflitos, perseguições, fome e que têm a vida impactada pra sempre.

Já se passaram dois anos, o conflito continua e outras guerras já se instalaram. Para muitos, a vida continua igual — e a morte e destruição também. Na Berlinale deste ano, a escritora ucraniana Oksana Zabuzhko fez parte do júri internacional. Falou do conflito, mas também disse que era um privilégio passar 10 dias assistindo a filmes depois de dois anos de guerra. O tempo passa e normatizamos os conflitos. Dizemos “vida que segue” e nos esquecemos das cidades devastadas e famílias destroçadas. 20 DIAS EM MARIUPOL, indicado ao Oscar de melhor documentário longa-metragem, traz à tona novamente as cenas que rodaram o mundo e relembra os primeiros dias de guerra. É o cinema documental cumprindo seu papel de registrar, pra que tenhamos a chance de não esquecer.

Vencedor do Festival de Sundance, o doc é dirigido por Mstyslav Chernov que venceu o prêmio Pulitzer de jornalismo pela cobertura. Acompanha um grupo de jornalistas ucranianos durante a invasão da cidade de Mariupol — estratégica para a ocupação russa e controle das operações portuárias na região. Presente na cidade na hora da invasão russa, a equipe não tem escapatória a não ser ficar ali e, portanto, resolve registrar o que acontece em um hospital-maternidade, como as pessoas reagem ao corte de água e energia e aos bombardeios. As imagens feitas pelos jornalistas correspondentes da The Associated Press abasteceram a mídia mundial neste passado tão próximo de nós, que já temos borrado na memória como se ele fizesse parte de um mundo que não nos diz respeito.

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