A HORA MAIS ESCURA – Zero Dark Thirty

Cartaz do filme A HORA MAIS ESCURA – Zero Dark Thirty

Opinião

A hora mais escura é a hora da captura. Breu total nos confins do Paquistão, onde Osama Bin Laden construiu seu esconderijo. No momento em que as tropas especiais da Marinha (SEAL) dos Estados Unidos invadem, capturam e matam o líder terrorista da Al Qaeda, responsável pelo ataque ao World Trade Center em 2001 e procurado exaustivamente desde então, a hora exata é 00:30 – Zero Dark Thirty, o título original.

Esse é o ápice de A Hora Mais Escura, da diretora Kathryn Bigelow, também de Guerra ao Terror – Oscar de melhor filme e direção em 2010. Quem assistiu ao filme anterior, que mostra um esquadrão americano escalado para desarmar minas terrestres no Iraque, já tem uma ideia do estilo Bigelow de fazer guerra. Vai direto ao ponto, transporta o espectador para o campo de batalha através da construção de cenas e personagens que parecem reais. Portanto, nenhuma intenção de minimizar sofrimento, dor, crueldade.

A começar pelas cenas impressionantes de tortura do início de A Hora Mais Escura. Depois de 11 de setembro, a tortura de suspeitos é usada como principal ferramenta para conseguir informação sobre Bin Laden e futuros ataques terroristas. Com o passar dos anos e o fracasso das operações de inteligência no Afeganistão, muitas missões são abandonadas com exceção daquela em que Maya (Jessica Chastain, também em A Árvore da Vida, O Abrigo, Histórias Cruzadas) está envolvida.

Obcecada pela captura do terrorista, Maya desafia os instintos masculinos que não acreditavam na sua investigação, teima em encontrar o mensageiro de Bin Laden para então caçá-lo no Paquistão, assume o risco e acerta em cheio. Pelo menos é o que disse o Pentágono, Washington, lideranças americanas e a imprensa em 2011. Não se trata de um documentário, mas sim do que se chama de filme documentado, ou seja, baseado em fatos reais, identidades reais, mas roteirizado como ficção, com licenças artísticas e tudo mais que é preciso para se contar uma história. Algo como o que a literatura chama de “reportagem literária”.

Embora longo, A Hora Mais Escura prende a atenção, ressalta a tensão no ar a todo instante e, claro, vangloria os EUA pela missão bem sucedida. Como se isso lavasse a alma do povo americano. Não lava, não paga o preço da guerra, das vidas inocentes perdidas. Mas foi assim que a história da captura nos foi apresentada pela imprensa e agora é contada por Bigelow. Com talento, verdade seja dita, e uma importante dose de emoção por parte de Maya. Sem falar no fator feminino que rodeia a produção a todo instante: quem diria que uma missão desse porte teria sido liderada por uma mulher? Mulheres em guerra – Kathryn Bigelow faz como ninguém.

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