A NATUREZA DO TEMPO – En Attendant les Hirondelles
Opinião
O formato de entrelaçar histórias e, através delas, fazer um recorte de um modo de vida de pessoas comuns, como um mosaico social, não é novidade – mas é sempre muito interessante. O próprio título já denuncia – não se trata de uma narrativa factual, mas sim algo atemporal, que mais serve para falar do comportamento das pessoas e de como elas se relacionam naquele ambiente.
Em A Natureza do Tempo, Mourad é um rico empreendedor argelino, que tenta se aproximar do filho que abandona a faculdade, se identifica com a ex-mulher e não percebe a infelicidade da segunda mulher e seu casamento indo à pique; seu motorista Djabil pede uma folga porque precisa levar Aicha para casar com um homem escolhido por seu pai, mas ela e Djabil não esqueceram o amor do passado; Dahman, um neurologista está de casamento marcado, espera uma promoção no trabalho que nunca vem e é inesperadamente acusado de tortura.
Parece que são fotografias de uma condição social de casamentos arranjados, frustrações pessoais, violência desmesurada, falta de ética. Alguns lampejos de leveza, música, espontaneidade e compaixão. Mas precisa realmente virar a mesa pra isso acontecer. O retrato da Argélia aqui é de frustração e aridez – principalmente emocional.
Comentários