Opinião

Tudo que a gente mais precisa neste momento complexo é pensar fora da caixa. Mesmo quando se trata de comédias românticas, é um alento assistir a narrativas que possam nos trazer outras perspectivas, outro olhar para as relações humanas e para as transformações que o amor (e, neste caso, a anarquia) são capazes de produzir.

Isso tudo se soma ao fato de AMOR & ANARQUIA vir da Suécia — o que de cara já nos presenteia com uma narrativa livre dos padrões, inovadora por excelência e muito criativa. O que a criadora da série Lisa Langseth faz de muito original é construir personagens que, à primeira vista constituem famílias comuns com marido e mulher e um casal de filhos, casa bonita e sucesso profissional. Aos poucos, passeamos pelas irregularidades de cada um deles, seus medos e desafios, e experimentamos, com humor fino e peculiar, as descobertas que eles fazem sobre si mesmos e suas escolhas.

Sophie é casada, tem dois filhos e está de emprego novo em uma editora. Sua função é mudar o modus operandi da editora, que precisa urgentemente migrar para o modo digital e se atualizar para enfrentar as mudanças do mercado. Logo ela conhece Max, o cara 20 anos mais jovem, responsável pela área de TI da empresa. A relação entre eles começa com um jogo que impulsiona mudanças, transgressões, a invenção de um mundo onde só os dois circulam. O modus operandi dela nunca mais será o mesmo.

A anarquia vem daí. De algo que sai da normalidade  — e do que a sociedade esperam de nós. A aventura na editora se mescla com a familiar, que pende para o drama na figura do pai de Sophie, que tem uma saúde mental preocupante, o que o liberta para criticar o neoliberalismo da sociedade sueca de uma maneira que beira a loucura. Ou anarquia. Lugar onde Sophie também se vê muitas vezes, provocando os mais tradicionais e conservadores presos às suas visões rígidas sobre a vida tanto profissional, quanto pessoal, pra falar de amor, sexo, filhos, pais, casamento, trabalho.

_ 2 temporadas com 8 episódios, cada um com 30 minutos (Netflix)