CAVALO DE GUERRA – War Horse
Opinião
Steven Spielberg volta mostrando seu indiscutível talento para filmes sensíveis e produções grandiosas. Portanto, quem gosta da sua maneira de filmar, vai curtir e se emocionar. E volta em dose dupla, porque teremos também a estreia de As Aventuras de Tintim logo mais. O belo Cavalo de Guerra me fez lembrar de O Império do Sol, em que o protagonista também é um garoto, só que na Segunda Guerra (confesso que gosto mais desse primeiro filme do que do atual). Aqui ele retoma o tema da perda da adolescência, dos sonhos, das amizades, das referências e da transformação da vida pela guerra. Sempre do ponto de vista de quem está começando a vida, ainda é inocente e guarda a pureza que a vivência muitas vezes acaba destruindo – portanto, carregado de sentimentalismo muitas vezes exagerado. Então, atenção: Cavalo de Guerra não é um filme de guerra propriamente dito – se você for com essa expectativa, vai se decepcionar. Não tem nada a ver com A Lista de Schindler, por exemplo, que é feita para adultos, sobre o mundo adulto. Este aqui é feito para jovens, do ponto de vista do jovem, que fantasia uma realidade adulta.
Presente como produtor executivo em vários filmes nos últimos anos, entre eles Super 8, Bravura Indômita, Além da Vida, Cartas de Iwo Jima, A Conquista da Honra, Spielberg dirige uma história que teria tudo para ser somente mais um conto melodramático sobre a guerra e a amizade entre um rapaz e um cavalo. Mas constrói os personagens de uma maneira que não cai na pieguice (apesar do sentimentalismo, música de fundo, encenação do cavalo, etc). É na simplicidade do enredo que Cavalo de Guerra se torna um filme bem feito. A espinha dorsal é Albert (Jeremy Irvine), que mora com sua família em uma fazenda na Inglaterra no começo do século XX. Por circunstância que não vêm ao caso, acaba criando e domando um lindo potro, com quem estabelece uma relação muito especial. A Primeira Guerra explode e a vida de todos vira de ponta cabeça. Inclusive do cavalo, que é vendido e vai para o front de batalha.
São várias as reviravoltas, mas o fato é que os 146 minutos de filme prendem a atenção. A composição dos personagens franceses (Niels Arestrup, também em O Profeta, A Chave de Sarah), dos pais de Jeremy, dos soldados no front são histórias paralelas em meio à produção impecável dos campos ingleses, das batalhas, das cenas em que o cavalo é o protagonista. Dizer muito mais sobre o filme, é diminuir a sua composição cinematográfica como um todo – que é o que ele tem de mais bonito. O que é basicamente um filme sobre o amor de um rapaz por um cavalo (como tantas outras vezes no cinema), ganha na tela a dimensão de um grande feito e de uma grandiosa produção.
NOTA: Assisti pela segunda vez a Cavalo de Guerra. Quem foi esperando um filme de guerra, se decepcionou, como alertei acima. Achou falso, forçado, estilo “sessão da tarde”. Mas de fato é esse o apelo: da emoção do jovem, do sentimento de fidelidade dessa fase da vida, do apego ao animal. É um programa para ver em família – do estilo Spielberg de filmar. Mas é cinema bem feito.
Nos cinemas: 06 de janeiro
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