EU RECEBERIA AS PIORES NOTÍCIAS DOS SEUS LINDOS LÁBIOS
Opinião
Eu Receberia as Piores Notícias dos seus Lindos Lábios, baseado no romance homônimo de Marçal Aquino, é cinema nacional de qualidade – uma história forte e brasileira, ambientada no Xingu.
Li o livro há algum tempo e me lembro bem da sensação da intensa paixão entre Lavínia (Camila Pitanga) e Cauby (Gustavo Machado), e do calor intenso da região norte do Brasil, onde se passa a história. Ele é fotógrafo, forasteiro, de passagem na região para fotografar e registrar pessoas, cenas e denúncias de desmatamento e garimpo ilegal no Pará. Ela ex-prostituta resgatada das ruas pelo pastor Ernani (Zé Carlos Machado, também em Estamos Juntos), também ex-viciado e alcoólatra, que se ancora na recuperação de Lavínia e na salvação da sua própria alma através da palavra. Lavínia e Cauby vivem uma relação carnal, perigosa, em uma terra extremamente machista, em que a justiça é feita com as próprias mãos, ou através de matadores de aluguel.
Já foi bastante comentada a nudez de Camila Pitanga e as cenas de sexo do filme. O que chama mais atenção é a química entre os atores, a entrega e o real desespero diante dos fatos que o roteiro bem estruturado apresenta ao espectador. O filme é belo nesse sentido, o da entrega. Não é tarefa fácil conseguir tirar isso dos atores. Tem um final doce, um sorriso de quem indica que valeu o sacrifício, a perda, a renúncia. É sutil. Lavínia se divide entre a gratidão e a paixão pelo fotógrafo, entre a palavra e o corpo, entre a razão e a emoção, como total entrega.
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