INVISÍVEL – Invisible

Cartaz do filme INVISÍVEL – Invisible

Opinião

Aqui, tudo pode ser invisível: a adolescente apática, a gravidez indesejada, a maternidade indiferente, o homem frio, o dia a dia automático. A única coisa que não é invisível é a angústia. Ela é marcada com tanta força que vira protagonista da história.

Pablo Giorgelli já tinha feito outro filme antes, oposto deste. As Acácias, premiado nos festivais mundo afora, é a antítese. Talentoso este olhar que consegue caminhar por sentimentos tão contrários. As Acácias é um road movie, portanto se movimenta. Fala do encontro entre duas almas desiludidas, na boleia de um caminhão, que têm ali a chance de se renovar. Humano, fala de encontros. Invisível fala de desencontros. Ely é uma adolescente, cumpre tabela na escola, trabalha em um pet shop, cuida da mãe depressiva e mantém relações sexuais com o patrão. Assim como tudo o que faz, essa relação também entra no modo automático da vida.

Até que ela engravida, procura uma clínica clandestina de aborto, gatilho para os sentimentos virem à tona e tudo muda a partir de então. Giorgelli filma em tempo real – o dinheiro é contato nota a nota, a relação sexual deve durar aquele tempo mesmo, a explicação do professor fica longa demais. Este cinema argentino nu e cru traz pra perto a realidade do personagem nessa angústia e na luz fria que deixa tudo muito seco, bem longe do panfletário. Bem visível.

 

 

 

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