NOITES DE PARIS – LES PASSAGERS DE LA NUIT

Cartaz do filme NOITES DE PARIS – LES PASSAGERS DE LA NUIT

Opinião

Assistido na 72ª Berlinale _2022

Seleção Oficial do 34º Festival do Rio

A cultura do rádio era forte naquela década de 1980, com essa voz noturna conectando pessoas acordadas, nostálgicas, insones. é o programa em que Élisabeth consegue seu primeiro emprego, atendendo o telefone de pessoas que ligavam na madrugada pra conversar, ao vivo, com a apresentadora. Conectando pessoas, Élisabeth consegue se reencontrar, se reconectar com ela mesma. NOITES EM PARIS é sobre isso, justamente o transforma num filme profundo e real o suficiente pra impactar quem já viveu esta experiência.

NOITES EM PARIS não é sobre separação, embora o marido de Élisabeth tenha acabado de sair de casa e alugado um apartamento com a namorada. Também não é sobre ele ou sobre o casamento que não existe mais. É sobre viver um divórcio e entender que a experiência transforma. Sobre saber mostrar-se vulnerável, quando a vulnerabilidade é a porta de entrada para o fechamento de uma etapa. Ao conectar-se com esta nova pessoa que nasce, abre-se a certeza de uma nova fase.

Élisabeth (Charlotte Gainsbourg) tem dois filhos jovens, nunca trabalhou, não sabe por onde começar. A grana fica curta e é no programa de rádio que ela começa a se recompor. Conecta pessoas solitárias, e se encontra na própria solidão. A menina Talulah surge desse contexto, da solidão. Élisabeth acolhe, a família abraça e mais uma experiência é anexada ao contexto familiar de 3 – às vezes 4 – que vai se mostrar o alicerce dessa recomposição.

Sensível, com os anos 1980 em Paris como lindo pano de fundo, me vi neste lugar, porque também passei uma temporada na França nesta época. Tudo ali me lembra emoções, vivências, andanças. Inclusive – e principalmente – a cumplicidade de uma mãe e seus filhos, contribuindo cada um como pode pra se firmar, encontrar caminhos, se reconhecer. Belíssimo, foi capaz de me fazer chorar.

 

 

Trailers

Comentários