MANAS

Cartaz do filme MANAS

Opinião

MANAS conta uma história regional que denuncia a questão universal do abuso sexual de crianças e adolescentes. Conversei com a diretora Marianna Brennand e aqui está a entrevista pra você conferir.

Estamos na Ilha do Marajó, no Pará, onde a adolescente Tielle (Jamilli Correa), de 13 anos, vive com os pais e três irmãos. A irmã mais velha, a gente não conhece. Claudinha já tomou o rumo esperado pela família e se mandou com algum homem — que eles julgam ser “um homem bom” — que passava pela região em uma das tantas balsas que atracam por ali.

Sem perspectiva, este é o destino de Tielle e de suas amigas, repetindo o padrão aprendido com sua mãe e com todas as mulheres da região: vender açaí aos homens e se prostituir. Mas Tielle vai subverter essa lógica. Não se conforma em ficar presa no ambiente abusivo, inclusive doméstico, e vai trazer um olhar diferente, apesar dos pesares.

A personagem de Dira Paes, Aretha, é a uma policial, que sabiamente foi construída como alguém que se identifica com as dores femininas da garota. Aretha é construída de modo a mostrar que é preciso ter politicas públicas e instrumentos de combate ao abuso, mas é preciso ter ferramentas pra cuidar da saúde emocional. A cena em que a ludoterapia atua, acolhendo e ajudando a entender o campo por onde a mente da adolescente perigosamente caminha, é linda. Um alento neste universo tão disperso, remoto e de difícil solução.

MANAS concorre na mostra Giornati degli Autore no Festival de Veneza. Este é o seu primeiro longa de ficção, mas ela, como documentarista, traz um olhar cuidadoso sobre o assunto do abuso contra crianças e adolescentes, tão necessário pra quebrar silêncios e mudar a realidade.

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