MIL VEZES BOA NOITE – A Thousand Times Good Night

Cartaz do filme MIL VEZES BOA NOITE – A Thousand Times Good Night

Opinião

Toda vez que assisto a um filme com Juliette Binoche fico fazendo conta de quantos ela é capaz de fazer por ano. Na 38a Mostra Internacional de Cinema de SP, ela estava presente com Acima das Nuvens, antes fez Camille Claudel 1915, De Coração Aberto, Cosmópolis, Elles e Cópia Fiel – tudo isso de 2010 para cá. Impressionante.

Mil Vezes Boa Noite é do diretor norueguês Erik Poppe e conta uma história bem bonita sobre escolhas (lendo sobre a biografia do diretor, descobri que o filme é autobiográfico, já que Poppe foi fotógrafo de guerra e passou por esse conflito familiar). Rebecca (Juliette Binoche, também em O Paciente Inglês e Horas de Verão) é uma fotógrafa famosa, especializada em fotojornalismo de áreas de conflito. Ela vai aonde estão as mais guerras mais perigosas e truculentas do mundo. Desta vez está em Cabul, no Afeganistão, quando é atingida por uma bomba e coloca, mais uma vez, sua vida em risco.

Este “mais uma vez” ficamos sabendo depois, porque Rebecca é casada, tem duas filhas e passa a maior parte do tempo viajando pelo mundo. Trabalho ou família? Como conciliar o afetivo com o humanitário? Na realidade, o filme traz essa pergunta mais profunda, além da natural trabalho versus família, um conflito mais comum. Além de fotografar, ela se sente portadora de informações importantes, capazes de mobilizar pessoas e transformar realidades atrozes em vidas mais humanizadas e minimamente viáveis.

Já disse aqui no Cine Garimpo que cada vez mais gosto do cinema nórdico, seja ele sueco, norueguês, dinamarquês. Todos trazem a problemática humana com uma intensidade muito grande, sem apresentar respostas. É quase como nos jogassem as perguntas e nos deixassem refletir para responder aquilo que nem eles sabem como fazer. Dramas humanos da mais fina sabedoria. É verdade que são ainda bem mais fortes, filmes como A Caça, Em Um Mundo Melhor, Depois do Casamento. Mas Mil Vezes Boa Noite, vencedor  do prêmio do júri no prestigiado Festival de Montreal, tem uma boa história e um ótimo ponto para reflexão.

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