NEVE NEGRA – Nieve Negra
Opinião
A metáfora da neve é interessante. Neve congela, é o elemento do filme que unifica o presente e o passado. Palavras do diretor Martin Hodara, que esteve em São Paulo para o lançamento. Os flashbacks para entender o que leva os três personagens para os confins do mundo, num lugar onde só há neve, floresta, frio e solidão, são entrelaçados, quase que unificados também. Ou seja, o pai morre, os irmãos têm que se encontrar pra resolver a venda de uma propriedade e é nesse momento que a história se desenrola pra modificar o futuro.
Os irmãos são Salvador e Marcos, na pele de Ricardo Darín (também em Truman, Relatos Selvagens, Abutres, Tese Sobre um Homicídio, O Segredo dos seus Olhos) e Leonardo Sbaraglia (também em O Silêncio do Céu, Relatos Selvagens, No Fim do Túnel). Protagonistas, claro. Salvador vive na propriedade da família na Patagônia, isolado, emburrado, de mal de com a vida; Marcos vive na Espanha com a mulher, e volta pra encarar não só o irmão, depois de décadas sem contato, mas também os acontecimentos do passado. O resto está no filme.
Minha pergunta pro diretor foi a seguinte: o filme é masculino, com dois protagonistas de peso do cinema argentino em cena. Mas, e Laura, mulher do Marcos? Na verdade, embora coadjuvante naquela situação familiar que, teoricamente, não lhe pertence, é ela quem vai tomando corpo, quem vai se posicionando no decorrer da narrativa e é que decide o destino dos irmãos mal resolvidos. No fundo, Laura é a protagonista. A única que se transforma. O resto – Marcos, Salvador, a neve – continua tudo igual sempre foi.
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