Opinião

Todos já sabem, mas Asghar Farhadi consegue chamar atenção pra tantas outras pessoas e situações durante o filme que ficamos sabendo depois de quase todo mundo. Dos dramas iranianos densos e carregados de heranças culturais como O Apartamento e A Separação, Farhadi constrói agora seu drama em uma pequena cidade espanhola, onde as famílias se conhecem há gerações, onde as terras e o poder econômico mudam de mãos, e onde nem tudo são flores.

À primeira vista parece: junto com seus dois filhos, Laura volta pra pequena cidade nos arredores de Madri para o casamento da irmã, Ana. Seu marido, Alejandro, é argentino e fica em Buenos Aires. Laura reencontra família, amigos e o antigo namorado Paco. Ana se casa, a alegria da festa é contagiante, mas algo faz com que as vidas se modifiquem pra sempre.

Farhadi traz pra tela a festividade espanhola e o emaranhado que são as vidas quando descortinadas diante do inesperado – e são mesmo. Embora ancorado no trio Penélope Cruz, Javier Bardem e Ricardo Darín, o elenco como um todo é muito talentoso, genuíno na língua espanhola que transborda o que os atores têm de melhor. O diretor sinaliza, mas não entrega final pronto; deixa em aberto as questões mais delicadas e íntimas das relações humanas – e o faz com maestria.