NISE: O CORAÇÃO DA LOUCURA

Cartaz do filme NISE: O CORAÇÃO DA LOUCURA

Opinião

Logo de cara, Nise me faz lembrar de Bicho de Sete Cabeças, de Laís Bodanzky. Rodrigo Santoro é internado em um hospital psiquiátrico, na época em que o tratamento era à base de eletrochoques, lobotomia e sedação. É com esse tipo de paciente – que passam a ser chamados de “clientes”- que a médica Nise da Silveira começa o trabalho de Terapia Ocupacional e revoluciona a forma de lidar com pessoas que sofrem transtornos mentais como a esquizofrenia.

Nise não é um grande filme – mas tem um tom poético, bonito – mas é uma grande história. Registra a vida e coragem da psiquiatra que volta para trabalhar num hospital para doentes mentais depois de ter sido afastada, contesta as técnicas invasivas e ineficientes da medicina tradicional e é isolada na área de terapia ocupacional. Sem qualquer recurso ou importância, esse departamento não tem crédito. Mas é nele que Nise (Glória Pires, também em Flores Raras) aposta suas fichas, enfrenta o corpo médico, coloca sua carreira em perigo e aplica um tratamento fundamentado na expressão artística e no afeto. Os resultados são transformadores.

Vale a pena assistir (ainda em cartaz, mas já no digital pra ver em casa) por pelo menos dois motivos: primeiro porque Nise é fonte de inspiração – graças a pessoas ousadas e sensíveis como ela que os doentes passam a ser vistos sob um prisma humano e generoso, podem ser curados e ter uma vida digna; segundo porque o filme traz depoimentos da verdadeira Nise, uma pequena grande senhora, que esbanja alegria e disposição. E muita, muita coragem.

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