Opinião

Uma mulher é queimada viva num pequeno vilarejo dos Alpes franceses. Os investigadores são homens, tentando encontrar o culpado por mais um feminicídio. Mundo de homens. Estranho, como diz a investigadora.

Muitos homens podem ter marcado Clara, uma jovem e linda mulher, que se relacionava livremente com quem ela desejasse. Afinal, era dona da sua vida e não devia nada a ninguém. A NOITE DO DIA 12 é sobre o perfil da investigação, sobre homens investigando crimes de gênero, sendo que aqueles que ateiam fogo são sempre homens.

Através de Yohan, o investigador-chefe do departamento da Polícia Judiciária, vemos como mulheres são consideradas culpadas pelo crime contra elas mesmas. Discursos machistas, falas perversas objetificam a mulher e normatizam sua morte: ciúme justifica, Clara era mulher adorava “bad boys”, não era fiel.

São as mulheres que esclarecem que há algo de errado entre os gêneros. Uma juíza, uma investigadora, uma amiga. “Melhor imprimir do que deprimir”, diz Nadia. Sair do velódromo pra pedalar ao ar livre (foto) e pensar “fora da caixa” é a metáfora pra quebrar tabus e padrões de comportamento nas investigações e relacionamentos. Problema universal e passou da hora de olhar pra isso. Levou 6 César, o Oscar do cinema francês. Perspectiva diferente de feminicídios corriqueiros, mas nunca normais.