Opinião

O Escândalo não é sobre mulheres feministas – aliás, elas mesmas não se consideram como tal. É sobre mulheres que resolvem por a boca no trombone, denunciar cultura tóxica do assédio sexual na Fox News e derrubar o CEO. Roger Ailes, conhecido como the leg man, proibia calça comprida da redação, exigia que as apresentadoras usassem minissaia e vestido justo, e trocassem promoções na carreira por favores sexuais. Depois desse movimento veio o #MeToo e Time’s Up.

Com Charlize Theron e Nicole Kidman no papel das jornalistas que processaram Ailes por assédio sexual em 2016, O Escândalo ganha força num momento em que é preciso quebrar padrões de comportamento para poder sonhar com a não-objetificação da mulher no ambiente profissional. Margot Robbie entra com a personagem fictícia da jornalista iniciante que quer subir na carreira rápido, acaba cedendo à pressão do chefe, para depois entender o seu verdadeiro valor.

Com um ritmo dinâmico, as personagens estabelecem um diálogo direto com o espectador, falam pra ele, como quem diz: se liga! Denuncie! Mas depois cai num formato convencional. Com maquiagem que as faz parecer realmente com Megyn Kelly e Gretchen Carlson, O Escândalo poderia ir mais fundo nas três mulheres e suas nuances que são muitas, num padrão sexista de ver o mundo e se relacionar. Mas traz à tona esse assunto fundamental e escandaloso.