O FILHO ETERNO

Opinião
Não há como ter uma relação de amor sem aceitação. Aceitar que tal condição existe, aceitar que as pessoas como são, receber o pacote e se misturar com ele. Medir forças é sempre o caminho do sofrimento. Tanto maior se vier com culpa. Quem tem filho especial sempre diz isso – e O Filho Eterno emociona também por isso. Que é fonte de aprendizado, fortaleza e muito amor.
Contada pela cronologia das Copas do Mundo de futebol, O Filho Eterno, baseado no livro de Cristovão Tezza, começa em 1982. Cláudia e Roberto (Débora Falabella e Marcos Veras) esperam seu primeiro filho, estão eufóricos com a chegada do bebê e têm que enfrentar a notícia de que ele é portador da Síndrome de Down. O que hoje já é possível saber durante a gestação, naquela época era surpresa. E pior: o preconceito era enorme, inclusive porque a síndrome era chamada de mongolismo. Cláudia ama seu filho incondicionalmente; Roberto vê sua vida travada pela criança que não terá autonomia, que não será como as outras e que será fonte de incertezas.
Sem dramas extras e tratando do assunto de uma maneira delicada e singela, O Filho Eterno traz pra bem perto a existência da maternidade (algo já inerente à mulher) e a construção da paternidade. E mais: a noção de que não estamos no controle de nada. É tudo construção. Custou pra esse pai aceitar seu doce filho como ele realmente é. E, desculpem o clichê, foi só na sentir que poderia perdê-lo que percebeu quanto o amava. Lindo filme.
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