TEMPESTADE DE AREIA – Sand Storm

Cartaz do filme TEMPESTADE DE AREIA – Sand Storm

Opinião

Tem tempestade de areia e tem duas vezes. Uma literal, da família de beduínos que mora na aridez, sem verde, só areia por todos os lados. A outra, emocional, da mãe de quatro meninas que tem que aceitar o casamento de seu marido com a segunda mulher, aceitar ser preterida e passar necessidade, e ainda lidar com a escolha da filha que se apaixona pelo homem errado. Vidas totalmente soterradas, sem fôlego e sem respiração.

Com ritmo lento – mas bem próprio do andar da vida nesse ambiente hostil -, Tempestade de Areia faz o recorte essencialmente da mulher, subjugada, objetificada, submissa. A jovem gosta do garoto de outra tribo, o pai não aprova, se ofende, escolhe outro, casamento arranjado. A honra masculina é colocada em primeiro plano e não há espaço nesse universo muçulmano para mudanças. Tem um inconformismo – até do homem que diz agir porque precisa, porque tem um dever perante a sociedade, como se isso justificasse a insensatez -, mas o que mais fica é a imobilidade. A mulher fica na posição que sempre ficou. Acata, para o bem de todos. Menos o dela.

Tem algo de contemplativo no olhar da garota que observa a noiva falando com seu marido. Tem algo de teatral – inclusive por seu rosto esbranquiçado. É o lugar comum, não há nem qualquer estranhamento. É o que é.

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