O LIVRO DE ELI – The Book of Eli

Cartaz do filme O LIVRO DE ELI – The Book of Eli

Opinião

 “Dizem que a guerra abriu um buraco no céu. Vieram os raios do sol e queimaram tudo e todos. Deu sorte quem se escondeu em lugares assim, em cavernas. Um ano depois, comecei a sair e vagar por aí. Eu não sabia o que fazer, nem como sobreviveria. Um dia, ouvi uma voz. Difícil explicar, mas parecia que vinha de dentro de mim. Ela me guiou para um lugar onde achei o livro. A voz me mandou levar o livro para oeste, disse que eu encontraria o caminho, que eu estava protegido contra qualquer um. Sei que nunca teria conseguido sem ajuda.”

Eli, personagem de Denzel Washington

 

Se você tivesse que imaginar como ficaria o mundo depois de uma guerra devastadora, o que sobraria? Em O Livro de Eli, esta versão dos irmãos Allen e Albert Hughes, o que sobra é um ambiente árido, hostil, monocromático, sem lembrança, terra de ninguém, terra sem religião. Sobram pessoas lutando pela sobrevivência, poder e supremacia, em um lugar agora sem lei ou dono. Sobram pessoas lutando por algo valioso que as faça conquistar o mundo e começar tudo de novo. Para o personagem estilo xerife de Gary Oldman, só um livro é capaz de fazer isso. Coloca seus capangas na busca incessante por um exemplar, na certeza de que seu conteúdo dará conta de tudo.

Quem tem o livro é Eli, que na pele de Denzel Washington vaga em direção ao oceano, protegendo o exemplar sagrado da mesma maneira que se sente protegido por ele. É na segunda parte do filme que se sabe mais sobre o livro, que já foi capaz de angariar seguidores durante séculos e é fonte de ensinamentos que mudaram a história do mundo.

Impossível O Livro de Eli não ser um filme duro, tanto no trato com o espectador, através do cenário sombrio e da violência física e verbal entre os personagens, como no trato com a história do mundo em si. Por isso, por mais árido que pareça, persista – o final compensa, explica, alimenta as tantas perguntas que surgem no decorrer do filme. Cruel pensar também no fim do mundo espiritual e nas tantas guerras travadas por causa da dualidade crença e poder. Será que a guerra mencionada por Eli foi uma guerra santa que finalmente consegue destruir o mundo física e espiritualmente? Dizer mais que isso tira o fator surpresa e revela o desfecho. Portanto, quem viver, verá.

 

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