PIETA

Cartaz do filme PIETA
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Opinião

Já pelo cartaz pode-se desconfiar: a Pietà de que o controverso diretor sul-coreano fala faz uma referência à imagem esculpida por Michelangelo, em que Maria carrega Cristo crucificado. Aparentemente, uma referência ao perdão, à misericórdia. Mas o filme vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza do ano passado é justamente o oposto e é bom que isso fique claro. Pieta é duro, cruel, amargo, vingativo. Difícil de ver. Longe de qualquer tipo de redenção.

Se tiver estômago, vá ver porque o desfecho compensa. Digo isso porque a história é centrada em um personagem que, contratado por agiotas, tem a função de cobrar a dívida contraída por cidadãos comuns, que trabalham para construção civil. Com juros exorbitantes, fica impossível pagar. A solução encontrada por ele é cortar a mão dos devedores em suas próprias máquinas de trabalho e assim receber o valor do seguro, que cobre a dívida. Mais do que fortes, as cenas são grotescas; e o personagem, doentio.

Causa desconforto, inclusive quando aparece uma mulher dizendo ser sua mãe, que o teria abandonado pequeno. A relação fica impossível, o desconforto cresce, num desequilíbrio sem controle. Perturbador, mas absolutamente consciente de cada uma das cenas. Quando a crueldade atinge graus elevados e eu não mais encontrava uma posição na cadeira de tão incomodada com aquilo tudo, o roteiro começa a mostrar a que veio. O que parecia ser apenas uma denúncia social e econômica da exploração imobiliária em Seul e das doentias relações humanas, transforma-se num interessante desfecho.

Pieta é daqueles filmes típicos de festival, que agrada a quem gosta do cinema alternativo mesmo. Mas a sua premiação em Veneza me causou menos espanto do que quando premiaram o tailandês Apichatpong Weerasethakul, com seu esquisitíssimo Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas, em Cannes. Mesmo assim, não é para o grande público, nem para quem não tem estômago para ver tanta maldade.

Nos cinemas: 15 de março

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