Assistido na 72ª Berlinale _2022
RETURN TO DUST nos leva para a China rural, onde a mulher infértil está fadada ao fracasso. A deficiência de Guiying faz com que ela seja um fardo para a família, que finalmente consegue casá-la com um fazendeiro mais velho, Ma, também isolado e humilhado pelos seus familiares, que já perderam suas raízes e vivem na China cosmopolita e interessada em fazer dinheiro a qualquer custo.
Deste casamento arranjado e previsivelmente frio surge o afeto do menor gesto. Ma e Guiying encontram no outro a companhia que nunca tiveram, a cumplicidade e o amor pela terra. Constróem sua vida, sua casa, seu casamento, que parece ser imune à exploração dos trabalhadores rurais, à urbanização que varre o campo, derrubando casas e ocupando as plantações, à pobreza que constrasta com o valor da moeda.
O diretor Li Ruijun filma em Gaotai, sua cidade natal no norte, e abre espaço para a ternura e o afeto em uma terra que já sofre com a falta de compaixão. Faz um retrato primoroso dos costumes, da tradição, com um design de produção que nos coloca como construtores daquele casa, daquele artesanato, daquele dia a dia. Num contraste entre a China rural e a urbana, entre o coletivo e o individual, é uma retorno ao pó, com diz o título. Pó da terra, pó de onde viemos, pó das origens. Sensação que vem também quando se pensa na origem de tudo, o amor, como semente que precisa ser plantada para que algo, finalmente, floresça.
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