TÓTEM
Opinião
Suzana Vidigal _ especial 73ª Berlinale
Um tótem é qualquer objeto, animal ou planta que simbolIze uma coletividade. É uma identidade — e, neste caso, familiar. TÓTEM, da diretora mexicana Lila Avilés, é um filme construído “desde dentro, dos vínculos humanos”, como ela mesma define na entrevista coletiva na Berlinale. Um filme que fala da casa interna que temos — tantas vezes caótica, mas continua sendo nossa. E este é o ponto.
O centro é a pequena Sol, uma menina de 7 anos que vai à festa de aniversário do pai e passa o dia na casa da família observando os preparativos da festa. Será a última, já que seu pai está doente e o clima é de celebração afetiva, mas também de despedida, de apresentação do luto, por assim dizer.
Este é o segundo longa de Lila Avilés, que também dirigiu A CAMAREIRA. De novo foca em um ambiente só, dando a sensação de que o cerco vai se fechando. Através de Ester acompanhamos a dinâmica da família, as tias, a prima, os medos, a cuidadora, o afeto, o carinho dos amigos, os animais.
Sem julgamento, Lila constrói um filme essencialmente humano, como quem fala da “casa interna, da que habitamos quando fechamos os olhos”. Tudo sob o olhar da criança que ainda viveu pouco, mas já tem a sensibilidade necessária pra trazer um olhar extremamente tocante sob as relações humanas. Me lembrou ALCARRÀS, que levou o Urso de Ouro aqui no ano passado e traz a doçura pincelada pela dureza das perdas da vida.
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