TRUQUE DE MESTRE – Now You See Me
Opinião
Dizem os mágicos – e quem já viu boa mágica sabe que é verdade – que o truque está no detalhe. Ou melhor, em fazer o público olhar bem para um ponto específico (a cartola, o coelho, o armário), enquanto o truque acontece em outro lugar. Ou seja, quanto mais perto você olha, menos você vê. Assim dizem – e fazem – os quatro ilusionistas de Truque de Mestre.
Pode ter lá seus furos – e acho que tem mesmo. Os personagens vividos por Michael Cane e Morgan Freeman (também juntos na trilogia de Batman, O Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan), por exemplo, poderiam ser melhor exploradas. No frenezi do próprio tema do ilusionismo – onde tudo tem que ser rápido, para que a ilusão pareça verdade – o espectador também é levado a se ater demais ao caminho traçado pelos mágicos, deixando para trás as histórias pessoais desses personagens. E tem também quem diga que o desfecho é óbvio demais. Intriga da oposição. Este tipo de filme é feito para entreter, portanto não seja rígido demais e aproveite.
Truque de Mestre exige atenção. Não porque seu roteiro seja lá muito elaborado, mas porque é confuso, cheio de meandros, reviravoltas e meias-verdades. Tudo começa quando quatro ilusionistas são intimados a se encontrar. Só não sabemos quem é que está coordenando este encontro, nem o que pretende. Depois de um ano eles formam um time afiadíssimo de ilusionistas, patrocinados por um milionário, que lota a casa de shows de um cassino de Las Vegas e executa o que parece ser impossível: do palco, roubam um banco na França. E mais: o dinheiro cai em cima da plateia, boquiaberta.
A partir daí, o agente do FBI Dylan Rhodes (Mark Ruffalo, também em Minhas Mães e Meu Pai, Ilha do Medo) e da Interpool Alma Dray (Mélanie Laurent, também em Toda Forma de Amor, O Concerto, Bastardos Inglórios, Não Se Preocupe, Estou Bem) são acionados para tentar descobrir se foi mágica, se foi roubo e o que a trupe pretende. Claro que os ilusionistas dão um baile nas autoridades, se safam de todas as situações e deixam o espectador intrigado. E confuso. O que faz parte do jogo, imagino – a arte de confundir também faz parte da mágica.
Mas agora que você está avisado, preste bastante atenção. Eu confesso que deixei alguns detalhes passarem, que fizeram falta no final para fechar o quebra-cabeça. Vale assistir de novo. E pelo desfecho “mágico”, você também vai sentir vontade de ver pela segunda vez, para ter certeza de que faz sentido. Ou de que realmente enganaram você direitinho.
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