UM AMOR INESPERADO – El Amor Menos Pensado
Opinião
Por Suzana Vidigal
Ricardo Darín está tão à vontade na pele de Marcos, que até parece ele mesmo. Aliás, parece muita gente. Inclusive Ana, sua mulher, que tem um discurso afiado, sempre pronta pra deixar bem claro por onde passam os casais juntos há décadas, depois que os filhos se vão e percebem-se na monotonia. Um Amor Inesperado conversa com praticamente todo mundo na casa dos 50 – e é uma delícia de se ver.
O par de Darín (também em Todos Já Sabem) é Mercedes Morán (também em Sueño Florianópolis) – dois veteranos, absolutos na tela e no papel de um casal que precisa se reinventar. Ou se separar. O filho jovem se muda pra Espanha e aquela ponta de dúvida que já existia sobre “como será a liberdade?” se transforma num verdadeiro iceberg. Intransponível.
Com diálogos certeiros e inteligentes, absolutamente universais e válidos em praticamente todas as culturas, o filme traz o questionamento sobre a individualidade de cada um dentro de uma relação de um quarto de séculos, os desejos reprimidos, a vida sexual morna e previsível, a curiosidade sobre a grama do vizinho ser mais verde (será?), a experimentação do ser livre como quando se era jovem, mas com a sabedoria da meia idade. Tem tudo isso, mas essencialmente faz a pergunta que não quer calar: o que se quer fazer com essa segunda parte da vida adulta? Dá pra escolher e é essa escolha que está na balança.
Um Amor Inesperado é comédia romântica dos tempos atuais. Com romantismo, mas sem romantizar demais as relações. Fala de amor maduro e de amor próprio. E, de novo, é deliciosa!
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