UM AMOR VERDADEIRO – ONE TRUE THING
Opinião
“É tão mais fácil quando a gente resolve amar aquilo que tem, ao invés de passar a vida desejando aquilo que não tem.”
Essa é a frase que mais me chama a atenção e faz o filme ir além do natural drama que é o câncer na família. A escolha por ser feliz e por aceitar a imperfeição é o que prega a personagem Kate (Meryl Streep, também em A Dama de Ferro, Simplesmente Complicado, Julie & Julia, Dúvida, As Horas, Kramer X Kramer, Julia & Julie, Entre dois Amores) no papel da mãe e esposa dedicada e fiel. Apesar do clichê da frase e do drama realmente ser o gatilho de toda a trama, é o personagem de Renée Zellweger, seus dilemas de mulher moderna e independente, que são o centro da história; é ela que vai se deslocando sutilmente para a dinâmica de vida dos veteranos vividos por Streep e William Hurt (também em Grande Demais para Quebrar, Filhos do Silêncio, Late Bloomers) e acaba sendo transformada por tudo isso. Isso me agradou, deixo a questão da doença e da dor no plano paralelo, o que faz o filme ser mais interessante do que eu esperava.
Lembra Laços de Ternura nesse ponto de vista, publicado recentemente aqui no blog. É um daqueles filmes sobre as difíceis e delicadíssimas relações de família, sobre a individualidade de cada um e o limite até onde pode-se ir, sem que o outro se sinta invadido; sobre as reviravoltas que a vida dá, formando um nó nas relações, desorganizando os lugares já mal encaixados dos laços familiares e transformando as pessoas para sempre.
Não que eu goste do tema. É triste, mas real. E logicamente pode ser transportado para diversas situações em que é preciso reinventar e abrir mão da chamada “zona de conforto”. O elenco é bom, o desfecho escolhido, interessante. Quanto vale o pré-julgamento? Fica a reflexão.
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