VIVER É FÁCIL COM OS OLHOS FECHADOS – Vivir es Fácil con los Ojos Cerrados

Cartaz do filme VIVER É FÁCIL COM OS OLHOS FECHADOS – Vivir es Fácil con los Ojos Cerrados

Opinião

A gente bem sabe que sermão nenhum surte efeito quando o que o jovem quer é experimentar novas sensações e ter novas experiências. VIVER É FÁCIL COM OS OLHOS FECHADOS, vencedor de 6 prêmios Goya, cai como uma luva. Fala das questões da adolescência com criatividade e sensibilidade, dando ao mestre todo o seu potencial transformador.

Um professor ensina inglês aos alunos do ensino médio através das músicas dos Beatles. Isso em 1966, quando ele descobre que John Lennon estará na Espanha, mais especificamente em Almería, filmando Como Eu Ganhei a Guerra. Fã da banda, resolve ir até o set falar com o cantor e no meio do caminho dá carona a dois jovens: Belén está grávida e foge do internato onde sua família a colocou, para que tenha o bebê longe dos olhos da rígida sociedade católica; Juanjo foge de casa por não aguentar a pressão do pai autoritário. Sem rumo, se deparam com Antonio, que segue com os dois jovens num road movie até Almeria.

O título VIVER É FÁCIL COM OS OLHOS FECHADOS é uma frase tirada da canção Strawberry Fields Forever, que Lennon realmente compõe enquanto faz um papel no filme “Como Eu Ganhei a Guerra”. Fala do rito de passagem confuso e necessário da adolescência para a juventude e vida adulta por que passam Belén e Juanjo; fala da sexualidade e dos desafios e transgressões necessários para o crescimento. Mas sobretudo ressalta essa figura do professor enquanto mestre, conselheiro, companheiro, alguém que sabe instruir sem castrar, que sabe deixar o recado sem dar sermão.

Antonio é representado pelo ator espanhol Javier Cámara, que traz ares genuínos para este professor que é firme, sem ser autoritário; que constrói uma relação de respeito e admiração, sem que para isso seja necessário exigir obediência. Em tempos de relações difíceis entre pais e filhos, alunos e mestres, o filme é uma homenagem linda aos que conseguem ser exemplo, educadores e facilitadores da reflexão individual de cada jovem. Afinal, o discurso e postura dos adultos intermediadores dessa passagem fazem toda a diferença.

*Este é o filme espanhol que concorreu com o brasileiro Hoje Eu Quero Voltar Sozinho ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2015 – que também fala sobre a adolescência.

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