O LIVRO DOS PRAZERES
Opinião
É uma adaptação livre de Uma Aprendizagem ou O Livro dos Saberes, deClarice Lispector, e é atemporal. Escrito há mais de 50 anos, cabe sempre no contexto do feminino, da escolha – absolutamente na ordem do dia. Lóri (Simone Spoladore) é todas as mulheres juntas, naquela que busca se conhecer, se aceitar e ser livre.
Lóri herda um apartamento no Rio, de frente pro mar, mas nunca entrou no mar. Mantém um relacionamento distante com os irmãos e com o pai, é fulgaz nos seus relacionamentos amorosos, não se entrega. Aliás, nem se entrega pra si mesma, tem vergonha do próprio corpo, deixa a rigidez servir de escudo contra pessoas. Até que conhece Ulisses, um professor de filosofia argentino, que vai, aos poucos, em formato de aprendizado, dando pistas do caminho das pedras para essa liberdade.
O Livro dos Prazeres tem prazer, mas tem sobretudo busca. Lóri escolhe, mas antes experimenta e nomeia a solidão, a angústia, a frustração, o medo. Atual e profundo; diálogos densos, de quem pensa, de que mergulha em si mesmo. Em forma de poesia.
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