A AMANTE – Hedi

Cartaz do filme A AMANTE – Hedi

Opinião

O mais bonito de A Amante é que a gente realmente entende – e sente – o que Heide está sentindo na pele. Aliás, Heide é o protagonista, um homem tunisiano de 25 anos, que trabalha numa concessionária de carros, é dominado pela mãe, está de casamento marcado com uma boa moça escolhida pela família e profundamente infeliz. Profundamente – dá pra sentir. Transborda apatia – no piloto automático da vida.

Enquanto é Heide que dá o nome ao filme no seu original, em português optou-se por destacar “a amante” – uma mulher de espírito livre, que não é apegada às tradições e posses, trabalha em um resort e vive mudando de cidade e país por causa do emprego, não tem as ‘garantias’ de uma vida estável e cheia de amarras exigida pela tradução, mas tem uma alegria de viver de brilhar os olhos.

Nas vésperas do casamento, Hedi conhece Rym, apaixona-se e se vê, pela primeira vez, a possibilidade de viver outra vida diferente daquela arquitetada pela família. É daquelas histórias de amor que transformam os personagens pra sempre. Profundo de se ver e sentir. Mas tem também a simbologia da Tunísia política e social. Filmado após a Primavera Árabe, portanto engatinhando na democracia, faz o retrato do jovem que se descobre diferente, que percebe o poder de decidir e traçar seu próprio rumo. As duas leituras cabem e fazem sentido, convergindo para um significado único da quebra de paradigmas, do esforço que se coloca no desapego às tradições e costumes, quando já é tempo de mudança.

Hedi levou o Urso de Ouro do Festival de Berlim na categoria “Melhor Filme de Estreia” e Majd Mastoura foi premiado com o Urso de Prata de melhor ator. Merecido. Sensível, profundo e absolutamente universal essa necessidade de urgente mudança.

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