Opinião

Paulina García é de novo a protagonista da história de vida de uma mulher comum, que ganha delicadeza e profundidade só porque conta com a total entrega da atriz. Na pele de Teresa, A Noiva do Deserto fala de como o acaso pode, de fato, mudar a vida.

Teresa é uma empregada doméstica chilena, que trabalhou, desde os 20 anos, na casa de uma família em Buenos Aires. Por volta dos 50 anos, vai trabalhar na casa de um familiar dos antigos patrões, mas um incidente no caminho transforma sua trajetória pra sempre. Com lindas paisagens, a composição da mulher entristecida e sem esperança vai se modificando no decorrer do seu caminhar dentro de um trailer. Como um bom road movie normalmente sugere, a viagem simboliza o movimento interno do personagem – que só se modifica porque está pronta emocionalmente para acolher a mudança.

Lembra Glória, o filme que deu à Paulina García o Urso de Prata em Berlim; lembra As Acácias, também argentino, e Pela Janela, brasileiro – todos sobre o feminino e a mulher que tira forças de não sei onde e brota nova e cheia de vida na meia idade.