COLUMBUS

Cartaz do filme COLUMBUS

Opinião

Vendo Columbus, logo me lembrei de Reino da Beleza, do sempre sensível Denys Arcand. Acabou não entrando em cartaz. Pena. O sul-coreano Kogonada transforma a arquitetura modernista da cidade de Columbus, que empresta seu nome ao título do filme, em personagem, assim como faz o diretor canadense. A história é vivida pelos personagens, mas a narrativa é contada através das linhas e propostas dos prédios da cidade. Como se a voz dos personagens só fizesse sentido junto com aquilo que se apresenta na tela. Delicado e coisa de gente sensível, muito sensível.

Já fica claro que visto na tela do cinema é bem mais bonito. Imponentes, as construções desta cidade em Indiana, nos Estados Unidos, acompanham o recorte na vida de duas pessoas, que não se conhecem, não têm nada em comum, mas encontram na arquitetura um viés de curiosidade, que vai puxando a linha de um novelo embrenhado de medos e rancores guardados. Na pele de John Cho, também em Além da Escuridão – Star Trek, Lin tem 30 e poucos anos, volta pra cidade pra ver o pai que está em coma, mas por quem nutre mágoas e ressentimento; conhece Casey (Haley Lu Richardison, também em Fragmentado), uma jovem otimista e amante da arquitetura, que cuida da mãe deprimida e tem medo de seguir seu próprio caminho.

Há dois pontos que não podem passar despercebidos em Columbus. Um deles é essa estética linda, clara e direta da arquitetura sem excessos e com aconchego e elegância extremos; o outro são os diálogos. Da fala dos dois amigos improváveis, surgem momentos de intimidade e confiança no desconhecido. Lindo encontro poético e transformador – da arte e das pessoas.

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