DE MENOR

Cartaz do filme DE MENOR
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Opinião

A cena final é de uma sensibilidade feminina incrível. Quem é mãe, vai entender e sentir. A gente está sempre imersa e rodeada pelos filhos, pela preocupação sobre a sua formação, sua índole, suas companhias, suas escolhas, seu futuro. Helena está assim. Totalmente envolvida por essa responsabilidade e imersa na dúvida que parece nunca se calar: fizemos certo? Fizemos tudo que estava ao nosso alcance? Onde foi que erramos?

De Menor é um filme pequeno, mas não menor. Pelo contrário. Eleito melhor filme no Festival do Rio de 2013, esta singela produção tem uma pegada forte sobre a adolescência dos garotos e garotas que têm estrutura familiar, boa formação escolar, casa, comida e roupa lavada e elementos essenciais que facilitam a escolha pelo bom caminho. Falar da transgressão feita pelo garoto de rua, que foi abandonado pela mãe, nem conheceu o pai, deixou a escola, é negro ou mulato, encaixa-se facilmente no discurso. Difícil é entender o porquê da escolha pelo crime quando se tem tudo de bom ao alcance das mãos.

Não estou fugindo do filme – embora pareça. Fato é que a construção do roteiro feita pela diretora Caru Alves de Souza é sutil nesse ponto e a gente vai aos poucos montando as peças do quebra-cabeça. Ela apresenta, sem ser explícita, os personagens e suas particularidades – e não será eu quem vai estragara a sua descoberta particular (não li nada sobre o filme antes de assistir e a sensação de desvendá-lo foi deliciosa). Eu diria somente que os protagonistas Helena (Rita Batata, também do ótimo Não Por Acaso) e Caio (Giovanni Gallo) moram juntos e têm uma visível relação amorosa de muito companheirismo. Ela é advogada da Vara da Infância e Juventude de Santos e trabalha na defesa dos adolescentes; ele é estudante e adolescente como tantos outros. A partir daí, o filme se desenrola acompanhando a relação entre os dois, nessa difícil fase da vida.

Atenção aos atores. Afinados e afiados, talentosos e totalmente eficientes na transmissão dos sentimentos – que estão à flor da pele. Aliás, estamos sempre à flor da pele, alertas e na torcida para que a semente da ética e da responsabilidade tenham dado bons frutos e surjam na forma de boas escolhas. Helena também trabalha para isso. Intensamente e totalmente imersa. O filme é simples, não esperem nada complexo. Mas são pérolas assim que o cinema brasileiro apresenta que nos dizem que temos uma produção muito especial sim. Vide o lindo Hoje Eu Quero Voltar Sozinho – só para citar um bem recente – que já recomendei aqui no blog. Está na mesma prateleira e vai para a lista O Que Tem de Bom Sobre a Adolescência. É pra já!

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