DIÁRIOS DE MOTOCICLETA – The Motorcycle Diaries

Cartaz do filme DIÁRIOS DE MOTOCICLETA –  The Motorcycle Diaries

Opinião

Em 1952 os argentinos Ernesto “Che” Guevara de la Serna (Gael García Bernal, também em Babel) e Alberto Granado tinham um plano: percorrer 8 mil quilômetros em 4 meses, usando como método o improviso. O objetivo era explorar o continente latino-americano com um único equipamento: uma moto, a “poderosa”. Diários de Motocicleta conta a trajetória dessa viagem, recheada de imprevistos e aventuras, mas mostra principalmente o início dos questionamentos de Ernesto, muito antes de ele virar “Che”.

Aos 23 anos, Ernesto resolve interromper a faculdade de Medicina e seguir viagem. Parte de Buenos Aires, desce até o sul da Argentina, passa pelo Chile e Peru e chega ao extremo norte da Venezuela. Além do enredo em si, da linda fotografia, da forte relação de amizade entre os dois, o filme é o começo da vida autônoma de Ernesto, que tem na realidade latino-americana o alimento para fomentar sua inquietude em relação às desigualdades sociais e à postura hipócrita da sociedade. Ao vivenciar a realidade dos povos andinos, se depara com a miséria, a intolerância e o descaso, e se convence da importânica da América do Sul unida. Será? São as questões filosóficas que começam a ocupar um espaço cada vez maior nesse Ernesto humanizado pelo ponto de vista de Salles.

Ainda não se fala em guerrilha, em comunismo propriamente dito. Fala-se da tomada de consciência de que é preciso fazer algo. Mas nós, que temos como emblema a famosa foto do Che herói que estampa camisetas e pôsteres mundo afora, impossível desassociar Ernesto, o médico consciente das mazelas sociais, do Che guerrilheiro, autoritário, líder da ditadura comunista ao lado de Fidel Castro. Mas essa faceta não entra agora – resolvi pensar em Che de uma maneira cronológica, para que fique mais fácil refletir sobre a dualidade verdade-mito. Ela será mostrada nos filmes Che, partes 1 e 2, em breve no Cine Garimpo. Por hora, ficamos com o Ernesto utópico, mas já radical nas escolhas e nas palavras.

VEJA EM DICAS AFINS: O livro da blogueira cubana Yoani Sánchez, De Cuba, Com Carinho, traz vários textos publicados no seu blog Generación Y, com milhões de acessos por mês. Ela conta como é o cotidiano em Havana na ditadura idealizada por Che e Fidel Castro.

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