EM CHAMAS – BURNING

Cartaz do filme EM CHAMAS – BURNING

Opinião

Pantomima é a arte de contar uma história com gestos, sem palavras. É mímica, mas com narrativa. Para representar o ato de descascar uma laranja, por exemplo, a pessoa faz os gestos que representam esse ato. Fingem que ali existe uma laranja de fato, ou melhor, esquecem que ali não existe uma laranja. É a mesma coisa, olhada por ângulos diferentes. Quase como a história de o mesmo copo poder estar meio cheio ou meio vazio. Por isso Em Chamas é tão enigmático. Conta uma história, finge que existem elementos, esquece que não existem outros. E deixa no ar praticamente tudo, mas fornece tudo que o espectador precisa pra entrar no mistério dos personagens.

Em Chamas é tão complexo quanto enigmático. Baseado no conto do escritor japonês Haruki Murakami chamado “Queimar Celeiros”, conta a história de Jong-su, um rapaz que trabalha com o entregador em uma cidade perto da zona desmilitarizada entre as duas Coreias. Um dia ele reencontra uma garota que morava perto da sua casa, na zona rural, quando era criança. Ficam amigos, ela viaja pra África e pede pra ele cuidar do seu gato enquanto fica fora. Quando volta, apresenta a ele um novo amigo, Ben, quem conheceu na viagem. Ele é rico, mora num bairro chique e consome coisas caras. A trama de ciúme, apego, solidão vai se fazendo, sem que os personagens sejam desmascarados completamente.

Diretor também de Poesia, Lee Chang-dong volta ao tema do comportamento dos jovens, falando aqui de realidade e ilusão, do que as coisas são ou não parecem ser.

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