O JANTAR | THE DINNER

Cartaz do filme O JANTAR | THE DINNER

Opinião

Sobre controle, manipulação e responsabilidade. Lembra do episódio de Relatos Selvagens, em que um jovem atropela e mata uma pessoa, não presta socorro e os pais tentam subornar advogados e policiais pra livrar o garoto? O mesmo com o romeno Instinto Materno, também sobre atropelamento, fuga e jogo de influência. Também parecido – e aqui, também se parece na forma teatral – com Deus da Carnificina, de Roman Polanski, em que dois casais se reúnem pra discutir e decidir o que fazer com seus filhos que se envolveram em uma briga.

Acontece: adultos que temem o julgamento da sociedade acima de qualquer coisa e que não querem enxergar que seus filhos cresceram e não aprenderam a responsabilizar-se por seus atos. Usam de todos os artifícios, discursos e estratégias pra encobrir um crime ou delito e, assim, deixar tudo com está. Dentro da zona de conforto. Protegidos. Pais e filhos, protegidos do mal do mundo. O Jantar passa por tudo isso: dois adolescentes são primos, cometem um crime e seus pais se reúnem para discutir o que fazer com isso. Um dos pais é um político influente e rico; outro, seu irmão, sempre foi considerado o problemático e encrenqueiro. Ainda tem o relacionamento entre os irmãos, que nunca foi fácil, e as duas mães da história, que têm sua visão da história e são formadoras de opinião.

Como toda história nessa vida têm, pelo menos três verdades (dos envolvidos e a verdade verdadeira), chegar num veredito esbarra nas questões básicas de sobrevivência em sociedade: ética e princípios. Algumas atitudes não devem ser tomadas simplesmente porque não são corretas. São inquestionáveis. Mas, quando se trata de livrar a pele de um filho da cadeia, e evitar que sua imagem fique manchada pra sempre, dá pra relativizar? É a tal da responsabilidade seletiva e o jogo de poder. Manipulação pura. E decadência da raça humana.

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