UMA NOITE DE 12 ANOS – La Noche de 12 Años

Cartaz do filme UMA NOITE DE 12 ANOS – La Noche de 12 Años

Opinião

Por Suzana Vidigal

José Mujica foi eleito presidente do Uruguai em 2010, mas antes disso ficou 12 anos preso em solitária. Detido pelos militares, ele e mais 9 opositores da ditadura foram mantidos isolados, sob tortura física e psicológica, num espécie de laboratório em que os militares testavam até onde ia a resistência humana à loucura. Uma Noite de 12 Anos conta a história desses anos, olhando de perto para três deles: Pepe Mujica, como é conhecido o ex-presidente, Mauricio Rosencor, que se tornou escritor, e Eleuterio Fernández Huidobro, ex-ministro da defesa. Um olhar preciso, humano e tocante.

Exibido no Festival de Veneza de 2018, Uma Noite de 12 Anos é uma escuridão. Condenados à solidão completa e tentando, dia a dia, driblar a linha entre a sanidade e a loucura, eram levados para diferentes locais de tempos em tempos, sem qualquer referência de espaço e tempo, em condições sub-humanas. A sensação de claustrofobia, de abafamento, de fome, de dor, de sofrimento é visceral – assim como são genuínas e emocionantes os poucos momentos de alento: a possibilidade de escrever, de se comunicar pelo som nas paredes, o contato com um raio de sol.

Poderia ser em qualquer canto da América Latina, numa triste linguagem universal da luta pela sobrevivência e pelo poder. Ambivalentes, contraditórias e, parece, interdependentes. Enquanto a solidão é o maior desafio, o som do silêncio atordoa. Quando entra a versão de The Sound of Silence, não há como não se emocionar. Hello, darkness, my old friend.

 

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